O topo da colina é guardado por uma capela pintada de branco. Aos pés dela o Mundo parece estender-se em cascata. A oeste, o Oceano Atlântico. Nas restantes frentes, o casario mistura-se com o vaivém do tráfego diário. Aquele podia ser um qualquer lugar. Só que “o exterior não é compatível com o sofrimento interior”. As palavras são de quem conhece bem a realidade dentro dos muros coroados com arame farpado. No S. João de Deus, a única unidade hospitalar prisional do país, quem paga pelos erros espera com paciência que a saúde melhore. Para quem cuida não há outra forma de levar os dias a não ser com profissionalismo e humanidade.

Simão deixou-se levar pelas vozes. Acabou detido por tentativa de homicídio. Os primeiros três (ou quatro) meses passou-os no Estabelecimento Prisional da Polícia Judiciária de Lisboa. Depois, foi transferido para Caxias, no reduto Sul, onde esteve mais três meses. Em tribunal, declararam-no inimputável. Por causa das vozes. Das visões. Da esquizofrenia.

Quando foi a uma consulta no hospital prisional, conta que a médica notou logo que ele “não estava bem”. Andava “cansado”. Perguntou-lhe “se queria ficar para repousar”. Aceitou. “Começaram a cuidar de mim e descobriram que eu tinha esquizofrenia.” Simão não é o nome verdadeiro do jovem de 24 anos que se sente tranquilo na sua história […]

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